A África subsariana ou subsaariana corresponde à região do continente africano a sul do Deserto do Saara, ou seja, aos países que não fazem parte do Norte da África.
A palavra subsariana deriva da convenção geográfica eurocentrista, segundo a qual o Norte estaria acima e o Sul abaixo (daí o prefixo latino sub).
Efetivamente, o Deserto do Saara, com os seus cerca de 9 milhões de quilômetros quadrados, forma uma espécie de barreira natural que divide o continente africano em duas partes muito distintas quanto ao quadro humano e econômico. Ao norte encontramos uma organização sócio-econômica muito semelhante à do Oriente Médio, formando um mundo islamizado. Ao sul temos a chamada África Negra, assim denominada pela predominância nessa região de povos de pele escura e olhos castanhos.
Diversidade
étnica
A diversidade étnica
desta região de África é patente nas diferentes formas de cultura, incluindo as línguas, a música, a arquitetura,
a religião, a culinária e a indumentária dos
diferentes povos do continente.A maioria da população pertence a etnias anteriormente classificadas na "raça negra".
Línguas
A África é provavelmente a região do mundo onde a situação lingüística é a mais diversificada (com 1000 línguas) e a menos conhecida.[1] A classificação estabelecida por Joseph Harold Greenberg, um famoso lingüista norte-americano, em 1955, distingue quatro grandes conjuntos:
- A família khoisan ao sul, constituída
essencialmente pelas línguas de cliques
dos bosquímanos;
- A família camito-semítica (dita também
afro-asiática) ao norte, constituída pelo semítico
(árabe,
hebraico,
etíope
e outras), o berbere, o egípcio, o cuchítico e o chadiano (haúça),
- A família nilo-saariana, que se estende sobre
uma zona descontínua do Chade ao Sudão e ao Zaire, e compreende o songai, o maban, o koma, o fur
e o nilo-chadiano,
este dividido em sudanês
central (sara, mangbetu) e sudanês
oriental (línguas núbias);
- A família nígero-congolesa, que
ocupa a maior parte da África Negra, é dividida em seis grupos: o oeste-atlântico
(peul, uolof,
diola), o mandé ou mandinga (bambara, malinque, mende),
o voltaico ou gur (mossi), o kwa (iorubá, iba, akan,
ewe,
kru), o grupo de Adamawa oriental e o grupo
benuê-congolês, essencialmente constituído pelas línguas bantas, que ocupam todo o sul do continente.
Para fazer face a essa diversidade lingüística, foram desenvolvidas línguas de relação, faladas como segundas
línguas nos conjuntos geográficos mais vastos: o árabe, a língua mais falada do continente;
o suaíle (a leste
da África), primeira língua banta a utilizar a forma escrita; o lingala
(oeste
do Zaire);
o bambara (Mali,
Guiné,
Costa do Marfim); o haúça (norte da Nigéria)
e outras. Finalmente, as línguas européias herdadas da colonização (inglês, francês, português) são faladas pelas classes
cultas e continuam a ser o alicerce lingüístico de numerosos países.[1]
Essa imensa diversidade cultural é, em parte, explicada pela preservação,
até tempos recentes, de uma organização social tribal. A tribo
é uma das mais antigas e elementares formas de organização social, sendo
caracterizada pela presença de um território comunitário e pela unidade da
língua e das tradições. Dessa maneira, cada tribo é um verdadeiro universo
cultural, com suas particularidades bem definidas, que se mantêm enquanto
não são expostas a culturas externas.
O continente africano tem hoje cerca de 889 milhões de habitantes, dos quais 500 milhões vivem na África subsariana. Essa população tem um crescimento populacional na ordem dos 2,5% ao ano.
Esse crescimento elevado da população tem criado duas preocupações muito sérias:
- a predominância de jovens na população determina a
necessidade de elevados investimentos sociais em escolas, alimentação e
tratamento médico;
- a pressão demográfica, aliada ao baixo nível técnico da produção agropecuária, à introdução de culturas de rendimento para exportação e à urbanização no século XX, tem gerado graves desequilíbrios econômicos e sociais.
De forma geral, a população da África Negra apresenta os
piores indicadores sócio-econômicos do mundo. Enquanto nos países desenvolvidos
a população morre, em média, com uma idade superior a 70 anos, nessa parte do
mundo raramente a média ultrapassa os 45 anos. Essa expectativa média de vida
tão baixa é explicada por inúmeros fatores, tais como a má nutrição, falta de
assistência médica e ausência de saneamento básico nos meios rurais.
HistóriaA teoria mais aceite entre os antropólogos e arqueólogos diz que a "África é o berço da humanidade", mas o "homem negro" talvez tenha sido o último a surgir entre os representantes das grandes etnias. Na Antigüidade, a Núbia e a Abissínia foram as primeiras regiões a receber influências externas, principalmente egípcias, a partir do III milênio a.C.. O território a oeste do Chade permaneceu mal conhecido, e passou lentamente do Neolítico à Idade do Ferro. Existiram grandes impérios: Gana, Mali, Songai, Bornu. A partir do século VIII, os Estados sudaneses sofreram a influência dos muçulmanos e tornaram-se fortemente islamizados. O império de Gana, entre o Senegal e o Níger, desenvolveu-se a partir do século IX e foi destruído em 1076-1077 pelos almorávidas. Seu território controlado no início do século XIII pelo Reino de Sosso, passou em 1240 à dominação do Império de Mali, que herdeiro de sua riqueza, se estendeu por uma zona bastante extensa no Sudão ocidental. Esse império entrou em lento declínio a partir do século XV e foi perdendo terreno para o império Songai, que cresceu às suas custas a partir de então. O golpe final do império de Mali foi dado pelo Reino de Segu, por volta de 1670.
O islamismo, introduzido pelos almorávidas, durante muito tempo atingiu somente as classes dirigentes. Ao redor do Chade, sucederam-se ou coexistiram diferentes reinos: Baguirni, Uadai e Kanen-Bornu, islamizados superficialmente. O Islã deu origem também à reinos teocráticos, no vale do Senegal e no Futa-Djalon, onde ocorreram conversões massa no século XIX. Na costa do golfo de Benin formaram-se reinos animistas, menores, porém, muito centralizados, como Achanti e Daomé. A leste do deserto da Líbia, o reino cristão da Núbia passou, pouco a pouco ao controle do Islã, o da Etiópia, refugiado nas montanhas após a ruína de Aksum por volta do século VI, sobreviveu - apesar de uma história tumultuada - até a sua reorganização, na segunda metade do século XIX, sob uma dinastia igualmente abissínia. Na costa oriental surgiu uma série de sultanatos fundados pelos árabes, que prosperaram até a chegada dos portugueses, no século XVI. Madagascar povoou-se de indonésios desde uma data desconhecida até perto do século XIII.
A chegada dos portugueses no século XV trouxe grandes mudanças, pois o comércio português, em breve seguido pelo de outras nações européias como os Países Baixos, Dinamarca, Grã-Bretanha e França, por intermédio de companhias autorizadas, baseava-se essencialmente no tráfego de escravos. Do século VII ao XX, cerca de 14 milhões de escravos foram levados para o mundo árabe pelo Saara e pelos portos da costa oriental. A eles se devem somar os que, do século XV ao XIX, foram para a América: de
A partir de 1815, a França tentou lentamente extrair recursos do Senegal, que ocupou em 1658. A Grã-Bretanha se instalou na Costa do Ouro (Golden Coast) a partir de 1875 e na Nigéria desde 1880, ano em que a França desencadeou a "corrida do ouro", com a Marcha do Níger. A Conferência de Berlim (novembro de 1884-fevereiro de 1885) não decidiu a partilha da África, mas acelerou a instalação territorial das potências européias e a constituição de grandes impérios coloniais: inglês, holandês, italiano, belga e alemão, junto aos restos do império espanhol e português. Até a Segunda Guerra Mundial, a África subsaariana evoluiu em ritmos diversos, em função do meio e dos recursos, da precariedade das vias de comunicação, da densidade das populações e da urbanização. Por toda parte a massa camponesa (90% da população) sofreu com o domínio colonial. Entretanto a urbanização, acentuada após a Segunda Guerra Mundial, e a formação de de elites letradas desenvolveram a consciência da identidade africana.
Após a Segunda Guerra Mundial o prestígio da etnia branca diminuiu (derrota de 1940, lutas intestinas entre franceses, rivalidade franco-inglesa), fato acentuado com a propaganda dos movimentos pan-africanistas, que já existiam desde antes da guerra. Essa evolução foi geralmente pacífica, salvo a rebelião malgaxe de 1947, as sublevações kikuyus (mau-mau) do Quênia, de 1952 a 1956, e a revolta da União das populações de Camarões (1955-1958), O processo de descolonização iniciado em 1944 (Conferência de Brazzaville), acelerou-se após 1960, ano em que muitos países africanos conquistaram a independência. Apesar disso continuaram com graves problemas econômicos e políticos, a despeito do apoio das antigas metrópoles. A África tornou-se, por outro lado, território de disputa entre os dois blocos então dominantes na política mundial, acentuada pela assistência militar que a União Soviética, China, Cuba, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e outras potências forneciam a governos africanos sob sua influência.
A fragilidade econômica de muitos países africanos levou-os a buscar ajuda nas antigas metrópoles, das potências que apoiaram os novos governos pós-independência, ou sob forma multilateral, dos organismos internacionais como a ONU ou a Comunidade Econômica Européia. Para superar suas fraquezas os países africanos formaram a Organização da Unidade Africana (OUA), criada em 1963 em Adis-Abeba. A África negra hoje atravessa uma crise política e econômica que se caracteriza pela rejeição aos partidos únicos, pelo aumento das tensões tribais e por um desastre econômico sem precedentes. Desde o início dos anos 80 a recessão vem se ampliando, com a queda das matérias-primas e o aumento da dívida externa e do desemprego num continente onde a população cresce num ritmo inédito na história. Tais dados demográficos, no entanto, podem transformar-se profundamente com a evolução da Aids: em 1991, metade dos
Doenças da região
*Doença do Sono : A doença do sono ameaça mais de 60 milhões de pessoas em 36 países da África subsaariana. Menos de quatro milhões destas pessoas têm acesso a um centro de saúde.
Na República dos Camarões, nos anos 20, um médico chamado Jamot implementou uma estratégia de controle eficaz, enviando equipes móveis às aldeias para diagnosticar e tratar o máximo de pacientes possível. O programa do Dr. Jamot obteve sucesso no bloqueio da transmissão da doença do sono, esvaziando a reserva humana de tripanossomas. Mas, recentemente, as guerras civis desestruturaram sistemas de saúde e forçaram pessoas a migrar, permitindo que tais reservas fossem reconstruídas.
*Malária: A malária está presente em mais de 100 países e ameaça 40% da população mundial. A cada ano, 500 milhões de pessoas são infectadas, a maioria delas na África subsaariana (Estima-se que 90% dos casos mundiais e 90% de toda a mortalidade por malária ocorram na África subsaariana. A doença também ocorre nas Américas Central e do Sul, sobretudo na região amazônica, e em países da Ásia), e 2 milhões de pessoas morrem dessa doença. As vítimas são principalmente crianças de áreas rurais. A malária é a primeira causa de morte de crianças menores de 5 anos na África, e mata uma criança a cada 30 segundos no mundo.
*AIDS: Desde que os primeiros casos da síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS) foram detectados, em
Embora os dados sobre a incidência do vírus estejam sofrendo uma "desaceleração", segundo o relatório, as proporções epidêmicas ainda são graves na África subsaariana. As taxas de infecção per capita de alguns países da região continuam subindo. Com pouco mais de 10% da população mundial, a África subsaariana abriga cerca de 24,5 milhões de infectados, quase dois terços dos portadores de HIV em todo o mundo. Cerca de três quartos dos 25 milhões de pessoas que morreram em decorrência do HIV desde o início da epidemia, nos anos 80, eram do continente africano.
Caracterização política
Por: Antonio Carlos dos Santos
Sites visitado:
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