Colonialismo italiano em
África
Desde o reinado de Victor Emanuel II (1820-1878), rei do Piemonte, e depois rei de Itália, o Governo italiano, temendo uma intervenção militar da França (devido a questões religiosas que têm a ver com a recuperação de poderes e regalias temporais por parte do Papa de Roma), vinha solicitando há algum tempo uma aliança com a Alemanha. Bismarck impõe como condição para esta se realizar uma "entente" a três, com a Áustria igualmente envolvida. A partir daqui, os destinos destas potências, bem como os dos seus adversários, estão mais ou menos interligados. Um dos aspetos marcantes da política deste período passava por África, e pela aquisição de territórios, onde se prolongava a rivalidade internacional sentida na Europa. Após a ocupação da Tunísia pela França (1881), concluía-se a Tríplice Aliança, quando na Itália governava já Humberto I. Os Italianos, contudo, pouco beneficiarão com este acordo, em termos de expansão territorial; o máximo que conseguem é fazer na Eritreia um ensaio de colonização que os conduzirá a uma guerra infeliz na Abissínia, marcada pelo desastre de Adoua, em 1896. Com a subida ao trono de Victor Emanuel III (1900), regista-se uma inflexão na política italiana. Apesar da renovação da Tríplice Aliança (1902), a Itália, por influência inglesa, reaproxima-se da França. E os resultados passam a ser mais animadores. A partir de então, com o caminho livre, consegue apoderar-se de territórios até aí sob o domínio da Turquia, como sucedeu com a Tripolitana.
Depois da I Guerra Mundial, e com a subida do ditador Benito Mussolini ao poder, há um renovado interesse da Itália pela zona do "corno de África".
Em 1935, os exércitos fascistas italianos invadem a Etiópia e ocupam-na efetivamente apesar da condenação por parte da Liga das Nações e dos protestos do "negus" Ailée Sellasié. Apesar das ameaças de sanções por parte daquela organização, Mussolini prosseguiu firme nos seus propósitos: a 9 de maio de 1936 anexou formalmente a Etiópia e proclamou imperador o rei Victor Emanuel III. A invasão da antiga Abissínia teve ainda outra consequência política do maior interesse para o futuro político da Europa e do Mundo: tornou possível a aliança entre o ditador italiano e Hitler, que deu origem ao Pacto do Eixo, numa altura em que tal facto não parecia muito provável. Com efeito, antes de 1935, a França e a Itália, juntamente com a Inglaterra, formavam uma frente comum condenando as violações ao Tratado de Versalhes cometidas pelos nazis e, na véspera do ataque à Etiópia, os Italianos haviam concluído com os Franceses um acordo apoiando as ações de Paris no sentido de travar o rearmamento alemão, em troca de facilidades em África. Contudo, a Inglaterra via perigar os seus interesses com o plano expansionista de Mussolini e opôs-se-lhe vigorosamente forçando a França a tomar uma posição ao seu lado.
Por: Antonio Carlos dos Santos
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